quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Combate à violência contra mulheres na Turquia/ Realidade x cenas de novela

Quando tudo começou II

Olá, pessoal , fiquei uns dias sem postar pois viajamos a Istambul  que nesta época por sinal  , é mais linda que nunca; rs... enfim , vamos continuar;

 Após minha chegada , fomos a uma festa , nunca tinha vestido aquelas roupas tão tipicas da região sudeste; assim que cheguei fui apresentada por minhas primas a muitas garotas que estavam presentes, após um pouco de  tempo me mostraram aquele que seria meu marido , a festa foi muito divertida , por um tempo esqueci o problema em que estava metida; após alguns dias,  me casei em uma cerimonia tipica , depois de casada fui levada a casa de meu marido pela primeira vez. As primeiras semanas foram muito difíceis, mas depois que meus pais tomaram a decisão de passar uma temporada na região tudo melhorou , via minha mãe praticamente todos os dias e isso me tranquilizava, me incomodava o fato de não poder deixar a casa sozinha , mas com os dias me acostumei a ter sempre alguém da família me acompanhando em meus passeios, passear pelos lugares bonitos que havia na região era meu passatempo preferido e aos poucos fui me inteirando dos problemas da região, conflitos constantes por tribos rivais, e  a situação das mulheres ainda vitimas de crimes de honra, casamentos forçados  que apesar de ilegal em algumas áreas rurais ainda acontecem sem que as autoridades tomem conhecimento; Outra situação bastante grave é a alfabetização entre adultos, exemplo na casa do meu tio há 04 empregados e somente um sabem ler e escrever; na casa em que moro com a família do meu marido , há 06 e somente dois sabem ler e escrever;sem contar no fato de que há casos de um alto índice de mortos entre mulheres gestantes, principalmente entre as que já tem muitos filhos e estão com a saúde debilitada; Todos estes problemas com relação ao gênero feminino me despertou para  fazer algo para ajudar e  também para passar os meus dias menos aborrecida. Bastava agora não só convencer meu marido como meus sogros também;

sábado, 6 de dezembro de 2014

As mulheres pagam muito caro o seu desejo de autonomia
As leis não dispensam uma mudança das mentalidades; as mulheres são ainda consideradas como propriedade pessoal dos homens. E as mentalidades não evoluem por si só. No que se refere aos crimes de «honra», foi necessário que alguma mulheres tivessem a coragem de dar o testemunho do seu martírio, como Souad (Cisjordânia), advogadas como Hina Jilari e Asma Jahangir (Paquistão), jornalistas como Lima Nabeel ou Rana Husseini (Jordânia) e militantes de ONG humanitárias, para que a comunidade internacional descobrisse o horror e a amplitude da barbárie exercida contra as mulheres.
Apesar dos avanços dos códigos penais, seria errado pensar-se que estes homicídios por questões de «honra» tendem a desaparecer pouco a pouco sob o efeito das pressões internacionais e de uma concepção utópica do progresso das sociedades. Pelo contrário, tudo leva a crer que estes crimes poderão ainda multiplicar-se. O poder crescente das forças islâmicas nos países tradicionalmente implicados e a influência das tradições nas comunidades imigrantes dos países ocidentais poderão agravar ainda mais a situação das mulheres. Cada vez mais impelidas para a rebelião, recusando os casamentos forçados e insurgindo-se contra a privação de liberdade em que vivem, seduzidas pelos modelos dos países ocidentais, as mulheres pagam ainda caro o seu desejo de autonomia. Desde 1999, de acordo com os relatórios internacionais e as observações das ONG, os crimes de honra mostravam tendência para aumentar.

https://condicaodamulher.wordpress.com

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Nova Vida

Após o fato da minha irmã adotiva ter ido morar com um namorado que conhecera na Alemanha , as coisas na casa ficaram muito tensas, meu pai viajou no dia seguinte e voltou dois dias depois, quando ele entrou em casa estava muito triste, numa atitude espontânea eu o abracei e ele começou a chorar , não disse nada apenas foi para o quarto. Na tarde do dia seguinte minha mãe me chamou para conversar,  foi uma conversa muito difícil , minha mãe foi incumbida de me contar a decisão que o conselho familiar havia tomado. ela me explicou tudo o que tinha acontecido , que minha irmã estava prometida desde criança e que era uma grande desonra a toda a família , que quando as pessoas soubessem do acontecido os amigos e vizinhos não falariam mais com a gente , e para a família do meu pai que vivia na cidade do homem para qual minha irmã havia sido prometida seria ainda pior , poderiam até causar a morte deles , caso o concelho exigisse, mas que poderia ser evitado se eu aceitasse a decisão do conselho que seria de me casar no lugar da minha irmã. ela disse que o tal homem estava de acordo para que tudo fosse solucionado sem maiores problemas, disse que como eles tinham saído da cidade a muitos anos as pessoas não conheciam minha irmã e poderia substituir ela sem problemas , que somente a família dele saberia da real situação. Foi um choque para mim , nunca imaginei em uma situação assim , eles sempre me falaram que eu iria me casar com o homem que eu amasse , como tinha acontecido com eles, e agora estava tudo mudando , estavam me pedindo para me casar com alguém que não conhecia , e isso me deixou muito brava , de inicio eu me recusei , então começamos a discutir e no calor do momento eu acusei meu pai de ter me trazido do brasil porque já imaginava que algo algo assim pudera passar , que eles só queriam me usar , para proteger sua filha, e pela primeira vez  meu pai ameaçou me dar um tapa,  sai correndo e me tranquei no quarto , chorei muito naquele dia , não podia acreditar que aquilo estava acontecendo . Mais tarde minha mãe veio falar comigo disse que este tipo de casamento é muito comum , que eu iria me acostumar, que eles eram uma boa família , que se não fosse assim não concordariam com o casamento , mas nada adiantou , nada me tranquilizou , e eu disse que não aceitaria que iria  fugir e voltar pro brasil. Voltar  como? para aonde? não tinha uma família para quem voltar, não haveria como , nem mesmo poderia deixar a turquia sem a autorização deles. No dia seguinte eu decidi fugir  de casa, peguei uma mochila peguei o necessário , e fui , vaguei pela cidade o dia todo , procurando trabalho , na tentativa de poder me manter , com o dinheiro que tinha, consegui o quarto de hotel para passar a noite , no dia seguinte continuei procurando trabalho , consegui o serviço para lavar pratos em um pequeno  restaurante , mas era  um local que só tinha homens na cozinha , e era muito pesado , a tarde já estava passando mal de tanto cansaço. minha aventura  não durou muito , quando cheguei no hotel a policia estava me esperando , consegui correr  por alguns quarteirões mas me alcançaram , fui levada para delegacia onde me perguntaram os motivos de eu ter fugido de casa, olhei para meus pais , e não consegui falar a verdade , que havia fugido porque estavam me abrigando a casar. Fomos para a casa , meu pai estava furioso , discutimos de novo em casa  e senti o peso da mão dele ,...seguidos de : você nos deve isso , é o minimo que pode fazer por nós , depois de tudo que fizemos por você.  Foi a primeira vez que ele me bateu,não conseguir dizer nada apenas chorei .. de raiva .... de impotência ... de tristeza. No outro dia já estávamos a caminho da cidade natal do meu pai . Foi um longo trajeto , as paisagens era maravilhosas e me ajudou a me distrair,guando chegamos as local de destino compreendi que estávamos entrando em um mundo diferente , aquela região era totalmente distinta de Istambul e Rio de Janeiro cidades em que vivi,era como um pequeno vilarejo , exceto pelas belas construções antigas, belas paisagens, as mulheres todas usavam véus , e roupas diferente, os homens também muitos com roupas tipicas, até aquele momento não sabia o quanto estava longe da realidade de Istambul. Quando chegamos na casa , me levaram para um quarto onde fiquei  com as mulheres em quanto os homens mais velhos da família se reuniam no patia da casa, foram horas eternidades, todas falavam ao mesmo tempo , umas diziam que tinha tido a sorte grande , que me casaria com um homem muito bonito , outras que logo iria me adaptar a nova vida , nada parecia fazer sentido , depois de alguma horas me chamaram , na sala estava apenas um senhor  que sabia ser o tio do meu pai adotivo.Ele me informou que me casaria em algumas semanas, que estava tudo acertado com a família do noivo , me perguntou se eu gostaria de conhece-lo antes , eu respondi que tanto fazia. Ele me disse que ficaria em sua casa até o casamento , para que pudesse ser preparada para a cerimonia, meus pais voltariam para Istambul e voltariam no dia do casamento.  Foi muito difícil me despedir deles da minha mãe porque sentiria muito sua falta  e de meu pai porque estava muito magoada com ele, ele me deu um beijo na testa e pediu para me portar bem , e obedecer meu tio. Dois  dias depois me deram roupas para me vestir para uma festa, minhas primas me disseram que na festa iria conhecer meu futuro marido , e que deveria me esforçar para agrada-lo , pois se ele se apaixonasse por mim seria mais fácil o nosso relacionamento . elas não imaginavam que eu queria tudo ao contrario , queria que ele desistisse de se casar, e iria fazer de tudo para conseguir o meu objetivo. 

Vista do monte Ararat, perto de Dogubeyazit, Turquia